terça-feira, 8 de novembro de 2011

Esse ano eu adquiri uma certa noção da finitude da vida (credo, estou tão pisciana falando assim), um vislumbre real e não só conhecimento racional de que a vida vai acabar um dia. E que não chega nem a cem anos.

(Quando você tem uma noção mais ou menos definida do que aconteceu em cada século da história da humanidade acaba dizendo pro seu pai que Oscar Wilde viveu ontem, antigo mesmo é o Ducado da Borgonha ou os Contos da Cantuária, e pensando que é assustador que sua vida não chegue nem até um século porque um século não é absolutamente nada. Ontem perguntei pra um amigo - olá, você - se ele conhecia um livro de história de um autor da escola dos Annales, sobre cultura popular no começo da era moderna. Ele corou e pediu desculpas, dizendo que o que anda lendo é pelo menos 2500 anos mais antigo - ele é sanscritista.)

A vida não chega nem a cem anos e é ridículo pensar nisso quando se está 5 anos longe de completar um quarto de século, mas a minha teoria é que todo ser humano, na prática, vive achando que é imortal. Eu tinha uma amiga de igreja que dizia que isso era uma prova de que Deus estampou a eternidade no coração humano - nós temos o conhecimento racional da morte, vemos acontecer com outras pessoas, mas não temos a sensação real, o peso que é a certeza do fim até que ele chegue (e graças a Deus, senão ninguém conseguiria ver TV nem ir à feira sossegado). Os ateus pensam na morte mas eu aposto que pensam com um certo distanciamento; a morte mascarada e vestida de fato biológico, de dado estatístico, de parte de sistema filosófico, de qualquer coisa que elimine a subjetividade e a pessoalidade. Eu não sei como os ateus conseguem dormir.

Esse post era pra ser um de resoluções de ano novo. Yikes.

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