sexta-feira, 6 de maio de 2011
Num papel de 2009 que eu achei:
Sou grata a muitas pessoas, algumas delas óbvias e conscientes, outras que não fazem nem idéia. A um único amigo que tornou suportável e por vezes até divertido meu último ano na escola. Enfrentamos juntos aquele oceano de chatice azul-burocracia, toda aquela gente que sabíamos ser terrivelmente idiota e saímos vitoriosos. Hoje ele está no Japão.
À talvez única menina nesse mundo que me ofereceu amizade incondicional - incondicional mesmo, de ser minha amiga numa época em que eu nem amigos queria ter, em que recusava todos os convites e não tinha absolutamente nada a oferecer. Não sei o que ela viu naquela garota triste, sonolenta e carrancuda que não ligava muito pra arrumação do cabelo e só fazia escrever o tempo todo, mas nunca vou me esquecer do mousse de chocolate que ela contrabandeou pra dentro da biblioteca pra me dar, numa daquelas tardes desesperadas em que eu tentava aprender um ano de física em uma semana.
A um desconhecido que sem querer dormiu encostado na minha mão no trem, e pelo inusitado da situação me fez esquecer todos os sentimentos dolorosos e incômodos que teimavam em me espetar.
A todos os homens que nem sabem, mas estavam andando na mesma rua que eu à noite e pela simples presença espantaram meu medo de passar sozinha em certos lugares.
A outro antigo amigo, que uma vez me disse no meio de uma conversa despretensiosa que a linguagem musical era simples. Isso por algum motivo ecoou na minha cabeça tão fortemente que tive ânimo pra estudar sozinha as coisas das quais ainda não tinha o domínio.
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