sábado, 13 de agosto de 2011

Thoreau e Harnoncourt

While civilization has been improving our houses, it has not equally improved the men who are to inhabit them. It has created palaces, but it was not so easy to create noblemen and kings. And if the civilized man's pursuits are no worthier than the savage's, if he is employed the greater part of his life in obtaining gross necessaries and comforts merely, why should he have a better dwelling than the former?

(Walden)

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Da Idade Média à Revolução Francesa, a música sempre foi um dos pilares de nossa cultura, de nossa vida. Compreendê-la fazia parte da cultura geral. Hoje, ela se tornou um simples ornamento que permite preencher noites fazias com idas a concertos ou óperas, organizar festividades públicas ou, quando ficamos em casa, com a ajuda dos aparelhos de som, espantar ou enriquecer o silêncio criado pela solidão. Donde o paradoxo: ouvimos, atualmente, muito mais música do que antes – quase ininterruptamente- mas esta, na prática, representa bem pouco, possuindo não mais que uma mera função decorativa.

Os valores que os homens dos séculos precedentes respeitavam não nos parecem, hoje, importantes. Eles consagravam todas suas forças, todos seus esforços e todo seu amor a construir templos e catedrais, ao invés de dedicarem-se à máquina e ao conforto. O homem de nossa época dá mais valor a um automóvel ou a um avião que a um violino, mais importância ao planejamento de um aparelho eletrônico que a uma sinfonia. Pagamos preço bem alto por aquilo que nos parece cômodo, o indispensável; sem nos darmos conta, rejeitamos a intensidade da vida em troca da sedução enganadora do conforto – e aquilo que verdadeiramente perdemos, jamais recuperaremos.

(O Discurso dos Sons)

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